Produtores de guaraná no Amazonas adaptam entregas durante período de lockdown com ajuda da tecnologia

Mesmo à distância, rastreabilidade e supervisão técnica do programa Olhos da Floresta, iniciativa da Coca-Cola Brasil em parceria com o Imaflora, foram garantidas

Produtores de guaraná no Amazonas adaptam entregas durante período de lockdown com ajuda da tecnologia
Olhos da Floresta, iniciativa da Coca-Cola Brasil em parceria com o Imaflora continuou em andamento no Amazonas - Foto: Divulgação

São Paulo - Neste início de ano, um desafio a mais se somou à logística do embarque da produção de guaraná de associações e cooperativas de agricultores familiares de diversas cidades no interior do Amazonas para a capital, Manaus. A crise sanitária decorrente da Covid-19 tomou o estado e obrigou o decreto de lockdowns na primeira quinzena e no final de fevereiro. Com isso, apenas um dos embarques com a produção que alimenta o programa Olhos da Floresta, iniciativa da Coca-Cola Brasil em parceria com o Imaflora, pôde ter o acompanhamento presencial de técnicos da organização. Os demais embarques, foram adaptados e passaram a ter todo o acompanhamento realizado pelo Imaflora à distância, com o auxílio da tecnologia.

Criado em 2016 pela Coca-Cola Brasil, o Olhos da Floresta está presente em mais de 100 comunidades, envolvendo cerca de 300 famílias de agricultores e beneficiando mais de três mil pessoas nos diversos elos da cadeia no estado do Amazonas. Com o foco na sustentabilidade e o desenvolvimento econômico da região, incentiva a cadeia de guaraná no estado dando oportunidade de renda para as famílias. Nele os agricultores familiares são incentivados a adotar os modelos Agroflorestais, uma alternativa de produção agrícola que combina culturas agrícolas e espécies florestais em um mesmo espaço, recuperando áreas degradadas e repropondo uma alternativa para o monocultivo. O trabalho desenvolvido pelas famílias envolve o cultivo do fruto, a colheita, o beneficiamento, o transporte, além dos insumos. Parte da safra do guaraná vem de Unidades de Conservação (UCs), como Maués. Áreas em que as famílias mantêm a floresta em pé e são incentivadas a produzirem em harmonia com a floresta.

Como a cadeia produtiva do guaraná está inserida dentro da cadeia de alimentos e bebida é considerada um serviço essencial, por isso foi permitido o uso de aviões para transporte da produção do fruto. Já os barcos, muito utilizados no transporte da fruta entre as 14 cidades que compõem o programa e a capital, tiveram o uso proibido durante o período de lockdown.

Philippe Schmal, engenheiro florestal e coordenador de projetos do Imaflora, acompanhou os impactos que a Covid-19 trouxe para a dinâmica da produção de guaraná da região. Ele explica que, por conta da diminuição no número de festas, eventos, funcionamento de bares e restaurantes decorrente da pandemia, foi registrado um menor consumo do guaraná. Mas a garantia de aquisição por parte da Coca-Cola Brasil, maior compradora de guaraná da agricultura familiar no Amazonas, contribuiu para a manutenção da renda dos produtores, que também contaram com a entrega de cestas básicas por parte da empresa, incluindo itens de proteção contra a Covid-19 para o trabalho no campo.

Tecnologia como aliada da sustentabilidade

Ainda em janeiro, foi possível acompanhar presencialmente os embarques em Maués, conhecida como "capital do guaraná", onde foram entregues cinco toneladas pela Associação de Produtores Agroextrativistas da Floresta Estadual de Maués (Aspafemp) e nas cidades de Apuí e Nova Aripuanã, com a entrega de 28 toneladas pela Associação dos Produtores Rurais de Guaraná Sustentável (Asprog).

Mas com o decreto do lockdown no começo do mês foi necessário lançar mão de novos formatos para garantir a rastreabilidade do guaraná, parte fundamental do Olhos da Floresta, que prevê que todo o guaraná fornecido dentro do programa seja produzido no estado do Amazonas por cooperativas de agricultores familiares em sistemas de produção agroflorestais. Foram utilizadas ferramentas remotas para a coleta de informações, recibos, e outros documentos que comprovam a origem das sementes. "Trabalhamos com o georreferenciamento das áreas produtivas de guaraná de cada produtor e as informações são utilizadas para a rastreabilidade da produção", explica Philippe. As informações alimentam uma plataforma de dados produzida pelo Imaflora, reunindo a localização de cada produtor. Para este ano, está previsto o desenvolvimento de um aplicativo, para facilitar a coleta de dados junto aos produtores.

Desta vez, diante da impossibilidade da presença em campo dos técnicos do Imaflora, parte do processo de rastreabilidade foi feito pelas próprias associações e cooperativas. Jahnny Gonçalves, diretora da Agriguarani, da cidade Parintins, conta que a cooperativa, que reúne 90 produtores rurais, precisou se adaptar e passou a fazer uso do serviço de internet móvel, já que os dados passaram a ser transmitidos por e-mail, serviço de mensagens ou SMS. A primeira fase do processo envolveu a ida às casas dos produtores, para o levantamento da estimativa da produção. O deslocamento foi feito por rabeta - uma canoa com um motor na popa, vencendo uma distância entre a cidade e a zona rural de três horas de barco, passando pelos rios rio Uaicurapá, Andirá e Mamuru.

Toda a logística entre o recebimento da produção na cooperativa, na comunidade de Marajó, até o embarque para Manaus durou cinco dias. Na semana seguinte, foi decretado novamente o lockdown. "Mesmo com todas as dificuldades conseguimos fazer as orientações dos produtores. Todos colaboraram na entrega, usando máscaras", conta Jahnny. Com isso, a remessa das sete toneladas de guaraná prometidas para o programa Olhos da Floresta pôde ser realizada. "Fizemos capacitações online para os agricultores, para garantir o bom funcionamento de todas as etapas do embarque", complementa Philippe.

Desse modo, graças à tecnologia, o técnico, acostumado a acompanhar de perto toda a logística de entrega do Olhos da Floresta, pôde supervisionar todo o processo a partir do município de Silves, onde vive, a cerca de 300 km de Manaus. "O guaraná é a renda principal dessas famílias. Por isso, mesmo com tantos desafios, as coisas não pararam", resume Philippe.

 

Com informações da assessoria de imprensa