Consumo de oxigênio hospitalar no Amazonas aumentou mais de 11 vezes

Estado recebeu hoje tanques de oxigênio do governo federal

Consumo de oxigênio hospitalar no Amazonas aumentou mais de 11 vezes
Desde a última sexta-feira (8), aviões cargueiros modelo C-130 (Hércules) da FAB já transportaram 350 cilindros - Foto: FAB

Brasília - A demanda por oxigênio hospitalar em estabelecimentos públicos de saúde do Amazonas superou, nesta terça-feira (12), a média diária de consumo em mais de 11 vezes, agravando a situação nos hospitais - principalmente naqueles onde são atendidos pacientes com a covid-19.

A informação foi divulgada na manhã de hoje (13), pelo governador Wilson Lima. “Consumimos, na rede pública estadual de saúde, uma média de 5 mil metros cúbicos. Só nessa terça-feira foram consumidos 58 mil metros cúbicos”, disse Lima ao acompanhar hoje mais cedo a chegada a Manaus de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) transportando seis enormes tanques de oxigênio, os chamados isotanques.

Também esta manhã, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse, em Manaus, que a capital amazonense enfrenta “a crise do oxigênio”. Segundo ele, em tempos normais, três empresas fornecedoras produziam, juntas, cerca de 28 mil metros cúbicos de oxigênio gasoso/dia. Já o consumo variava entre 15 mil e 17 mil metros cúbicos. Com a segunda onda da covid-19 no estado, a situação se inverteu. De acordo com o ministro, a demanda pelo produto pode já estar perto dos 70 mil metros cúbicos diários. 

Para piorar, na semana passada, a principal produtora, a White Martins, informou às autoridades que estava operando no limite de sua capacidade. Na ocasião, segundo o governo do estado, o consumo tinha quintuplicado. Principalmente devido ao aumento do número de leitos em hospitais.

“O estado começou a fazer sua logística dentro do que podia, mas não tem como vencer [sozinho] uma demanda deste tamanho”, declarou o ministro, alegando que a abertura de novos leitos hospitalares para dar conta do aumento do número de casos exigirá ainda mais oxigênio e outros insumos hospitalares.

De acordo com o Ministério da Defesa, desde a última sexta-feira (8), aviões cargueiros modelo C-130 (Hércules) da FAB já transportaram 350 cilindros e seis isotanques de oxigênio de Belém (PA) para Manaus (AM). Outros 30 cilindros deverão ser entregues nos próximos dias.

Segundo o governo do Amazonas, somados, os cilindros e isotanques correspondem a 27 mil metros cúbicos – pouco para fazer frente à crescente demanda. Por isso, os governos estadual e federal vêm adotando outras medidas para abastecer os hospitais, como a proposta de comprar dez miniusinas de oxigênio e de requisitar o produto de outros fabricantes.

“Estamos trabalhando com o governo federal as estruturas para montagem de miniusinas de oxigênio. Elas devem ser montadas num prazo de uma semana, e vão suprir a necessidade de algumas unidades de saúde. Com isso, elas abrirão espaços para que não tenhamos problemas nas outras unidades e a empresa consiga fornecer tanto na capital quanto no interior”, destacou o governador Wilson Lima.

Esta manhã, o ministro Eduardo Pazuello disse que nenhuma medida, isolada, resolverá o problema. Após destacar a importância da população seguir as recomendações das autoridades de saúde, mantendo, por exemplo, o afastamento social, Pazuello apontou as dificuldades logísticas para fazer os cilindros e isotanques de oxigênio chegarem à região.

“O Hércules C-130 da FAB, um dos maiores cargueiros do mundo, é capaz de transportar o equivalente a 6 mil metros cúbicos [por viagem]. Um Boeing cargueiro pode transportar entre 200 e 300 cilindros de oxigênio gasoso, ou o equivalente a 3 mil metros cúbicos. Precisamos de 70 mil metros cúbicos diários. Por isso, além de uma ponte aérea, temos uma ponte fluvial [o transporte por rios]. E ainda precisamos ter uma ponte terrestre, com carretas”, alertou o ministro.

 

Com informações da Agência Brasil