Comunidades extrativistas do Norte do Pará devem comercializar 10,5 toneladas de sementes de cumaru no mês de dezembro
Safra de 2021 deve movimentar mais de R$ 740 mil, contribuindo para a geração de renda de indígenas, quilombolas e ribeirinhos da Coopaflora, apoiada pelo Imaflora
São Paulo - A safra de cumaru neste ano deve se estender até meados de dezembro, mas as estimativas para as comunidades que vivem da coleta e venda de suas sementes na região da Calha Norte do Rio Amazonas, no Pará, são otimistas. Segundo dados do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), a previsão é que sejam comercializadas 10,5 toneladas de sementes secas e selecionadas, gerando uma movimentação de mais de R﹩ 740 mil.
Como parte do projeto, está sendo desenvolvido um viveiro em Alenquer, localizado no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Paraíso. A previsão é que, a partir do início de 2022, sejam produzidas entre 30 mil e 60 mil mudas por ano de espécies como Cumaru, Castanha-do-Brasil, Andiroba, Ipê, Cedro, Mogno e Massaranduba; além de espécies frutíferas como açaí, cupuaçu, cacau, graviola e acerola.
"O viveiro vai permitir que agricultores familiares possam converter áreas atualmente sem uso ou ocupadas por pastagens degradadas, por sistemas agroflorestais biodiversos com foco na soberania alimentar e geração de renda a partir da comercialização do excedente da produção", explica Eduardo Trevisan, Gerente de Projetos do Imaflora. Ele também oferece a oportunidade da associação representante do território planejar a recuperação de áreas desmatadas com o plantio de espécies florestais que, além de contribuir com serviços ambientais, podem gerar renda para a comunidade por meio da comercialização de produtos florestais não madeireiros.
Um dos eixos de atuação do Imaflora é a promoção de cadeias florestais e agropecuárias responsáveis, e desde 2010, por meio do programa Florestas de Valor, desenvolvido pelo Imaflora com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e financiamento do Instituto Moreira Salles e do Fundo Amazônia/BNDES. Com isso, a organização contribui para a estruturação da cadeia produtiva do Cumaru nos municípios de Oriximiná e Alenquer, promovendo o comércio ético e justo junto a empresas, que pagam um valor acima da média de mercado para a produção. Hoje, são mais de mais de 200 extrativistas apoiados nas duas cidades, que comercializam esse produto junto a Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte (Coopaflora), que é formada por indígenas, quilombolas e ribeirinhos.
A semente de cumaru pode ser utilizada tanto na indústria de cosméticos - na composição de fragrâncias -, quanto na gastronomia, sendo utilizada para incrementar receitas de sobremesas e até mesmo bebidas. O município de Alenquer é um dos principais polos de cumaru do país, com 36% da produção brasileira entre 2016 e 2018. Para operacionalizar a cadeia neste municipio, foram estabelecidos dois entrepostos comunitários no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Paraíso e instalados secadores solares para as sementes, além de treinamento por consultores da empresa e técnicos do Imaflora para garantir a qualidade do produto. Em Oriximiná, um entreposto foi estabelecido na sede da Cooperativa na zona urbana da cidade e outro foi estabelecido em um território quilombola na zona rural.
"Fora a geração de renda e conservação da floresta, o extrativismo também é um aliado no monitoramento do território, já que os extrativistas percorrem longos trajetos até chegar nas áreas de coleta e, nesse deslocamento, podem identificar invasões e áreas desmatadas, por exemplo", explica Jonas Gebara, Coordenador de Projetos do Imaflora. Recentemente, o Instituto lançou o aplicativo Terra on Track, para auxiliar as comunidades extrativistas na detecção de focos de incêndio e desmatamento em áreas florestais. Além de gerar alertas para ameaças, as informações levantadas também poderão ser usadas pelas comunidades para a gestão de seus territórios, para que possam tomar decisões sobre melhores áreas de plantio ou extrativismo, por exemplo.
Sobre o Imaflora
O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) é uma associação civil sem fins lucrativos, criada em 1995 sob a premissa de que a melhor forma de conservar as florestas tropicais é dar a elas uma destinação econômica, associada a boas práticas de manejo e à gestão responsável dos recursos naturais. O Imaflora busca influenciar as cadeias produtivas dos produtos de origem florestal e agrícola, colaborar para a elaboração e implementação de políticas de interesse público e, finalmente, fazer a diferença nas regiões em que atua, criando modelos de uso da terra e de desenvolvimento sustentável que possam ser reproduzidos em diferentes municípios, regiões e biomas do país.
Com informações da assessoria de imprensa
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