Moradores do sul do Amazonas relatam verão amazônico cada vez mais desafiador na região

Moradores do sul do Amazonas relatam verão amazônico cada vez mais desafiador na região

Os desafios enfrentados pelos moradores do sul do Amazonas durante o verão amazônico afetam a saúde e a qualidade de vida da população na região, incluindo dificuldades no transporte e no acesso à água e alimentos. Os municípios do sul do Amazonas, que ficam dentro da área de influência da rodovia BR-319, estão entre os que mais desmatam e mais queimam na Amazônia, fatores que agravam o atual cenário de seca severa naquela região, marcado pela fumaça e diminuição do nível dos rios.

A situação é o foco da série ‘Entre a fumaça e a seca: vozes do sul do Amazonas’, produzida pelo Coletivo Jovens Comunicadores do Sul do Amazonas (Jocsam), e destaque do mês do informativo Observatório BR-319, rede de organizações da sociedade civil que atua na área de influência da rodovia. O objetivo é dar visibilidade aos desafios enfrentados pelos moradores da região durante o verão amazônico.

“A fumaça tem trago (sic) consequências terríveis para as nossas vidas, tanto pra mim quanto para a minha família tem sido muito difícil, pois a (sic) acordar com bastante fumaça com dificuldade pra respirar, dificuldade pra vim (sic) pro trabalho, pois quando saímos de casa é muito fumaça, dificulta na visão, dificulta na questão de respirar (...)”, diz Pedro Geraldo, orientador educacional e morador do município de Lábrea.

Del Belfort de Moraes, membro do GT Desmatamento e Queimadas da Aliança para o Desenvolvimento Sustentável do Sul do Amazonas e articulador da Rede Transdisciplinar da Amazônia (Reta), relata que, no município de Humaitá, a população urbana sofre com a fumaça, que provoca problemas de saúde em crianças e idosos. Na parte rural, há dificuldades para escoar a produção. “(...) A gente vê que os produtos estão aumentando o valor para quem está consumindo aqui na cidade e muitas vezes não está conseguindo chegar. E para o produtor que está lá, escoar também não está fácil porque tem muita praia, muita distância para carregar, muita coisa”, contou.

Entre setembro de 2023 e setembro de 2024, a Amazônia Legal registrou um aumento de 24,71% no número de focos de calor, que passou de 33.247 para 41.463. Já no Amazonas, houve uma leve redução de 6.990 em setembro de 2023 para 6.879 no mesmo período de 2024. Rondônia apresentou um aumento de 3,36% nos focos de calor, passando de 2.650 em setembro de 2023 para 2.739 em setembro de 2024. Nos municípios da área de influência da rodovia BR-319, houve uma redução de quase 10% nos focos de calor, caindo de 3.936 em setembro de 2023 para 3.544 em setembro de 2024.

Neste cenário, iniciativas como brigadas de incêndio voluntárias são importantes para conter os focos de calor, como é o exemplo da Brigada Indígena de Incêndio da Terra Indígena Caititu, criada pelo povo Apurinã, em Lábrea. Formada por 23 indígenas treinados pelo Ibama, a brigada desempenha um papel fundamental na proteção do território.

A matéria completa com os relatos dos moradores do sul do Amazonas sobre os desafios do verão amazônico pode ser lida em https://observatoriobr319.org.br/.